22/01/2008

O Mercado


Não percebo rigorosamente nada de economia. Apesar de ter conseguido concluir as cadeiras da universidade, a verdade é que a única coisa que aprendi é que alguém vende, alguém compra, e o dinheiro é sempre curto para as minhas aspirações.

Esta total falta de aptidão para a economia não é genética. Descendo de uma família de contabilistas. Conseguem imaginar os jantares de Natal? Enquanto todas as crianças do bairro desembrulhavam bonecas e comboios, eu desembrulhava o Calendário do I.R.S..

Quando fiz 8 anos, os meus pais ofereceram-me uma calculadora científica e obrigaram-me a fazer os balancetes das finanças domésticas. Apesar de afirmar cheia de convicção que queria ser pintora, como a Paula Rego, antes mesmo de tirar a carta já tinha sido inscrita na Escola de Contabilidade. Chumbei com distinção em todas as cadeiras e como presente de final de curso tive «O Capital» de Karl Marx.

Foi já na faculdade que uma colega, conhecida por Tânia Badalhoca, me explicou tudo o que sei sobre economia. «Oferta e procura» dizia ela. «É como com os homens. Se lhes dou logo o que querem, o meu valor diminui. Assim, faço-os pensar que sou um bem escasso e é vê-los rastejarem aos meus pés». A Tânia estava a partir do pressuposto que se fazia rogada, mas na faculdade sabia-se que ela mostrava as suas mais-valias a quem lhe pagasse uma mera entrada no cinema.

Bom, mas se tudo se resume à oferta-procura, está encontrada a explicação para que os programas da minha máquina da roupa teimem em tornar azul-turquesa tudo o que é branco.

29 comentários:

Francis disse...

básicamente é isso, lei da oferta e da procura. ou há ou não há, e sendo assim, ou vale ou não vale.
seja lá o que fôr.

Anónimo disse...

Ia para tecer um comentário mas é melhor ficar em silêncio...

Kit disse...

Quando há em fartura, a qualidade diminui, mas vá lá dizer isso à minha máquina :)

Kit disse...

Então porquê, Spi?

Anónimo disse...

Não quero ferir a susceptibilidade dos comentadores...
E gostava de chamar-te a atenção para um facto, mas não quero fazê-lo aqui. Comuniquei-o à Play...

Kit disse...

Ui... que misterioso.

Espero não ter cometido nenhuma gaffe.

Aguardarei novidades da Play :)

Anónimo disse...

Ela tem o messenger como desocupado mas não me ligou nenhuma... ;)

Mandarina disse...

belo texto!:)
sim, ó spi...essa do : "queria dizer uma coisa mais não digo, porque já lhe disse mas ela não me ouviu..."
se fosses dar uma volta ao bilhar grande, era mais explícito!!

a única coisa que eu sei, é que tá bom pra comprar...
portanto...
COMPRA!...COMPRA!...COMPRA TUDO!...

Anónimo disse...

Mary:
Depois perceberás...

Anónimo disse...

Eu nem sei o que dizer..acho que este blog está a entrar naquilo que se usa chamar a fase do Bull Market.

Dita, deixe-me dizer-lhe que acho simplesmente alucinantes, fantásticos, exuberantes, estratosféricos..os seu comentários. Nunca na minha vida de comentador pensei comentar um post em que estivesse mencionado "O Capital" do Karl Marx...Qualquer dia estamos a debater a edição portuguesa do livro de Economia do Samuelson & Nordhaus, a verdadeira bíblia da economia que tantos pesadelos me provocou.

E olhe que a Tânia Badalhoca tinha razão em algumas coisas, mas quando o bem é muito excasso é frequente os homens virarem-se para bens sucedâneos.

Mandarina disse...

olá zézinho:)
é verdade...a dita, quando está inspirada é brilhante!!

e essa história dos bens sucedâneos...não são os homens, é o Homem!
quando deixou de haver brincos e colares e anéis de tartaruga, eu própria tive de optar por imitações!...

Anónimo disse...

Cara Mary,

A Mary tb chega a ser brilhante e hilariante nos seus posts, mas eu não lhe digo isso que é para não ficar com a mania... :-)

Mandarina disse...

ora essa...
é por essas e por outras que vocês (homens) conseguem pouco de nós!!!
ahahah...

Anónimo disse...

Pronto, já dei mais um tiro no pé....

Anónimo disse...

Ficou melhor, Dita.
Agora perceberás a partes dos "comentadores"...

See you

Anónimo disse...

"a parte", queria dizer...

Anónimo disse...

Mau...então? O que se passa com a susceptibilidade dos comentadores?

Caro Spínola, esclareça-nos, agora fiquei curioso.

Anónimo disse...

Estava a referir-me a "caneladas", Zé!

Anónimo disse...

Pois, realmente quando começam á canelada não há quem as consiga parar...

O melhor é usar canaleiras, digo eu.

Kit disse...

Ora, ora, ora...

Está esclarecido o mistério. Logo agora que eu já estava a pedir uns óculos escuros e um chapéu de abas largas para não ser identificada na rua.

Caro Spi, então acha que me ia ofender com uma correcção ao meu português??? Não é para isso que você cá anda? A última vez que olhei para o meu B.I. ainda não me chamava Edite Estrela - e creio que até essa dá a sua calinada de vez em quando.
Agradeço-lhe a chamada de atenção e à minha querida Mary que, tendo detectado o erro, foi prontamente corrigi-lo.

Agora convenhamos, não era preciso tanto mistério!

Um beijo.

Cereja disse...

Olá Amigas e caros comentadores! :)

Desculpem a minha ausência, mas hoje não estive por perto.

Grande texto Dita, como sempre!

Pois... já vi que o "problema" está resolvido e que já não preciso de meter o bedelho. Também que grande filme se fez à volta de um erro ortográfico. Não é preciso tanto.

Nunca me tinhas contado que querias ser pintora e muito menos esta história da contabilidade :)
És um bau cheio de surpresas!

Kit disse...

Oh, querida Play, muito obrigada!

Mas sabes, é como diz o Woody Allen: para quê arruinar uma «boa» história com a verdade?

Mandarina disse...

opá, ó dita...
...já há pouco não tinha percebido e agora resolvi reler o texto a ver se via a luz, mas há uma passagem que continuo sem perceber...
a cena da máquina tingir a roupa!
explica-me como se eu tivesse 5 anos, please...
é que eu também não percebo nada de números e talvez me consigas explicar a cena através de uma analogia, tal como a tânia badalhoca fez contigo!...
agradecida.

Kit disse...

Ó pá Mary, tu ainda te dás ao trabalho de tentar perceber os disparates que escrevo. A sério. Conseguiste comover-me.

Há coisas que, por muito que se queira, não se conseguem explicar.

A única analogia que me vem agora à cabeça é: os meus pensamentos são como um saco de compras ao fim do mês - vazios.

Mandarina disse...

ahh...tou a ver, tou a ver...
do estilo, "sigo os teus passos no meu ser em ti"...
tá bem, então.
só pensei que houvesse algo por trás que eu não tivesse alcançado, só isso.

Kit disse...

Mary, como tu tão bem sabes, costumas alcançar tudo.

Mandarina disse...

oh...isso queria eu!
mas sou imperfeita como qualquer mulher boa!!...

Kit disse...

Diria mais:

mulher boa e boa mulher!

Joana Gama disse...

olha olha... era para isto que querias as expressões de economia :] não te fui nada útil, mas é bem melhor assim!


Quanto à lei da oferta e da procura...

Já constatei que a técnica da "Tânia Badalhoca" resulta, mas ao longo destes 30 anos de existência prefiro (por enquanto) deixar-me ir... sem me preocupar com mais nada... se rastejam ou não... aquilo de lhe ligar depois... nã... apetece-me faço!

Se se começar logo com esquemas... e coisas... sinto que nos distanciamos cada vez mais do "natural".

Credo.
Só faltava terminar a dizer "au naturel c'est bon" [escrito em francês para parecer menos azeiteiro].