20/10/2008

A Bela e o Príncipe

Recentemente uma amiga inquiriu se eu acreditava no verdadeiro amor. «Claro que sim!» respondi cheia de certeza. Depois parei e pensei um pouco melhor na extensão da pergunta. Qualquer mulher sabe – se não estiver apaixonada – que é claro que é possível amar intensamente, o que não pode ser confundido com amar para sempre. A culpa, já tinha falado, é das histórias infantis.
Cegas pelo mundo de possibilidades que o conto da Bela Adormecida nos proporciona, não conseguimos ver a realidade. Ou seja, ninguém pára para pensar: «e se o Príncipe Encantado nunca aparecer?». Estará a Bela Adormecida destinada a dormir toda a eternidade no caixão de acrílico em plena floresta? Ou terá que acordar sozinha, sacudir as folhas secas do cabelo e seguir com a sua vida? E se ele aparecer mesmo, quem garante que o romance dure mais que o tempo que demora a dizer «cabrestante»?
Por muito encantadores que sejam alguns príncipes, a verdade é que maior mito que acordar numa banheira sem um rim é o da existência destes homens cujo único propósito é ser perfeito para as suas princesas. Se nós não somos e, pronto, é preciso admitir, estamos muito melhor preparadas, como é que os homens podem aspirar à perfeição? Mais vale admitir que precisamos deles para o sexo e em alguns casos, mudar móveis mais pesados e pequenas reparações domésticas. Tudo o resto, é acessório e, se tiver que escolher entre a fidelidade de um homem ou uma mala, a Birkin ganha aos pontos. A mala existe, a fidelidade masculina ainda está por provar.
O verdadeiro amor não é exclusivo da relação amorosa e não é garantido que, por muito real que seja dure mais que 40 dias. O verdadeiro amor começa e acaba em nós. O resto, é um par de botas Balenciaga.

Sem comentários: