TV Aleluia

Problemas tecnológicos debelados, eis que regresso à faina. Desta vez para falar de um tema que me tem palpitado no hemisfério esquerdo do cérebro (o direito tem pensado em disparates e os dois não se falam). Então não é que vai abrir um quinto canal de televisão? Sabem as possibilidades que isso abre ao país - e quem sabe ao Universo? Vou partir do pressuposto que sim, sabem, e passar à frente.

De todos os candidatos possíveis e da Teresa Guilherme, quem honestamente acho que deve ganhar o concurso para a exploração deste novo canal é a Igreja Católica. Sim, a coisa com a TVI correu mal, mas isso foi porque as pessoas não estavam preparadas para tanto vanguardismo. Agora estão. Nunca a televisão teve tanta programação e tão má, por isso, creio que uma televisão religiosa seria bem recebida.

Para não confundir os estimados leitores, devo advertir que me considero católica - ainda que não praticante (uma lesão no tendão de Aquiles afastou-me de uma promissora carreira na Catequese) e como tal, gostaria de contribuir, a bem do espírito da partilha, para o que considero ser a grelha de programas que irá acabar com todas as grelhas de programas! As minhas sugestões:

O programa da manhã, apresentado pelo Padre Borga e pela Olga Cardoso teria o nome de «Largo da Igreja». Em alternativa, poderia chamar-se «Fátima», só que, em vez de ser apresentado pela própria, seria transmitido a partir do Santuário. Do programa faria parte uma rubrica denominada «Hosana Nas Alturas», onde um repórter num helicóptero daria informações de trânsito. Estão a ver a ideia? Audiências a aumentar!

Televisão que se preze tem que ter telenovelas. Independentemente da origem, deveriam ter nomes tão apelativos como: «Jesus, Maria, José!», «Duas Caras e Uma Prece», «Desígnios» ou «Deixa-me Rezar Senão Levas com a Hóstia».

A informação seria outra àrea importante e todos os noticiários chamar-se-iam «Advento», só que, em lugar do Messias, teria um jornalista de ar sério e formal (ao invés do José Alberto de Carvalho quando aparece no Telejornal sem gravata).

Mas uma televisão que se preze, tem que dar antena aos novos fenómenos sociais e aqui também haveria um reality-show apresentado pela Júlia Pinheiro (entretanto recrutada à concorrência) - «Vamos Guardar a Virgindade até Depois do Casamento». Imaginam o tipo de provas a que os concorrentes estariam sujeitos? O entretenimento familiar ficaria muito bem servido.

Existe ainda um manancial de programas que fariam parte desta grelha: «Os Três Pastorinhos» comentariam a jornada desportiva, «A Última Ceia ou Talvez Não» seria o programa de culinária e por aí fora.

Mas como qualquer director de programas sabe, para agarrar audiências não basta transmitir a «Música no Coração» todos os Domingos. Não. Tem que ter um ou dois concursos que prendam a atenção do espectador. Aí entraria em cena o grande mestre dos concursos televisivos, o António Sala que apresentaria «Quem Quer Ser Missionário?» ou talvez o «Sabe Mais Que Um Padre Que Gosta de Miúdos de 10 Anos?».

Acreditem, queridos amigos, uma televisão assim seria uma benção!